Será o início do maior boom imobiliário da história do Brasil?

Segundo Ricardo Amorim, um dos economistas mais influentes do país, é provável que a gente esteja iniciando o ciclo do maior boom imobiliário já visto por aqui.

A maior disponibilidade de crédito de todos os tempos vai acelerar o boom imobiliário.

O mercado imobiliário já vinha de um processo de recuperação nos últimos anos e isso foi acelerado devido ao processo da pandemia, que gerou uma redução brutal da taxa de juros e, por consequência, uma disponibilidade de crédito nunca antes vista no país.

Ele explica: “com a taxa básica de juros (Selic) abaixo da inflação e próxima de zero, os bancos perderam a possibilidade de rentabilidade à curto prazo. Como a taxa de juros para longo prazo tem grande chance de subir, os bancos estão buscando emprestar dinheiro agora para travar uma remuneração mais elevada no futuro.

É por isso que os bancos estão emprestando mais do que nunca. O crédito mais longo da economia é o imobiliário e quanto maior o prazo desse empréstimo maior a probabilidade de alta rentabilidade.

Somente no mês de agosto, o financiamento com recurso da poupança cresceu 75%, comparado ao mesmo período do ano passado. A oferta de financiamentos imobiliários praticamente dobrou num momento em que estamos com a taxa de desemprego no nível mais alto da história, imagina o que vai acontecer quando essa taxa começar a cair e, por consequência, a taxa de inadimplência para os bancos diminuir.

A oferta de crédito imobiliário vai aumentar mais ainda. Isso vai gerar um crescimento substancial na procura por imóveis, um aumento brutal na quantidade de lançamentos imobiliários e uma subida significativa no preço dos imóveis ao longo dos próximos anos, o que caracteriza o início do boom imobiliário”, destacou.

A pandemia está transformando hábitos em relação à moradia e ao trabalho

O outro fator que vai acelerar o boom imobiliário nesse momento, também é consequência da pandemia. O vírus forçou as pessoas a ficarem mais tempo em casa e isso fez com que elas questionassem seus hábitos em relação à moradia e à maneira de se trabalhar. As pessoas adquiriram novos hábitos, elegeram novas prioridades como, por exemplo, passar mais tempo com a família.

Pesquisas mostram que, em muitos casos, empresas associaram o home office com aumento de produtividade e, por isso, essas empresas também começaram a se questionar se é necessário continuar com gastos enormes para manter grandes espaços de trabalho.

Essa é uma tendência que deve crescer: mais pessoas trabalhando de casa ou de qualquer lugar que não seja, necessariamente, dentro da empresa.

Se, por um lado, isso gera uma diminuição de demanda por escritórios, por outro, as pessoas que não têm mais necessidade de estar fisicamente nos escritórios podem buscar outras cidades para morar com mais qualidade de vida, ao invés de ficarem nas grandes cidades, ou buscar moradias mais confortáveis e mais adaptadas para esse cenário de trabalho em home office.

Se até pouco tempo atrás as pessoas priorizavam morar perto do trabalho para evitar o trânsito, agora elas podem optar por não morar nos grandes centros comerciais e irem em busca de áreas menos adensadas, com o valor do metro quadrado mais baixo, para adquirirem espaços maiores.

Passar mais tempo em casa também fez as pessoas valorizarem as áreas comuns dos imóveis e isso deve gerar uma mudança nos tipos de imóveis que serão lançados. Se a tendência era de se morar em espaços cada vez menores e mais próximos do trabalho, é possível que agora isso se inverta.

Conclusão

Somando uma enorme disponibilidade de crédito, que deve gerar grande procura por imóveis, a uma nova necessidade por tipos de imóveis diferentes, isso deve levar a uma movimentação muito grande no mercado imobiliário.

Ricardo Amorim acredita que, a menos que o Brasil não passe por uma crise fiscal que gere uma queda de confiança ou que haja uma grande crise internacional, a chance de que o Brasil viva o maior boom imobiliário da sua história é muito grande! Foi exatamente o que aconteceu em todos os outros países viram taxas de juros que, antes eram muito elevadas, caírem a patamares próximos de zero.

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